quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Livros.

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.


Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.


Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:


Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

Caetano.

Um comentário:

easyblogger disse...

Ótima iniciativa, Fernanda! Parabéns!! Soube de seu blog através da comunidade do Ferreira Gullar da qual faço parte também. Legal essa junção de textos que você tem trazido à tona aqui em seu blog. É muito importante esse alinhavar de idéias, construindo, cada um, a sua 'melhor forma' de interpretar o que está em volta (e o melhor: divulgá-lo). Gosto disso também. Aprecio muito o tema de Matrix (aliás, o tema das Utopias em geral). A propósito, assistindo a alguns documentários recentes como "A Grande farse do Aquecimento Global" e "END GAME", ficamos com aquela sensação exata de estarmos vivendo em uma matrix. Assusta.
Um grande abraço!
Arthur Caria.