Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
Caetano.
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Um comentário:
Ótima iniciativa, Fernanda! Parabéns!! Soube de seu blog através da comunidade do Ferreira Gullar da qual faço parte também. Legal essa junção de textos que você tem trazido à tona aqui em seu blog. É muito importante esse alinhavar de idéias, construindo, cada um, a sua 'melhor forma' de interpretar o que está em volta (e o melhor: divulgá-lo). Gosto disso também. Aprecio muito o tema de Matrix (aliás, o tema das Utopias em geral). A propósito, assistindo a alguns documentários recentes como "A Grande farse do Aquecimento Global" e "END GAME", ficamos com aquela sensação exata de estarmos vivendo em uma matrix. Assusta.
Um grande abraço!
Arthur Caria.
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