domingo, 7 de dezembro de 2008

glory box

no need to settle that imposed state of mind.

within the freedom of choice lies an unbelievable peace inside.



"I'm so tired, of playing...

Playing with this bow and arrow

Gonna give my heart away

Leave it to the other girls to play"


domingo, 30 de novembro de 2008

Nantes

Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile
And I'll gamble away my fright
And I'll gamble away my time
And in a year, a year or so
This will slip into the sea
Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile

Nobody raise their voices
Just another night in Nantes
Nobody raise their voices
Just another night in Nantes

Beirut.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

she knows


her hands
cool silk
cupping his warmest thoughts
in their deepest recesses.
gone now
by decades,
but those cool hands
part time
sink inside
the folds of his mind.
a silver spoon
stirring the moon
into his coffee,
lifting velvet kisses
to his lips.

she knows
he thinks of her
even now.
wraps her
cool silk hands
around a
warm china cup,
purses velvet lips
gently blows
steam from her coffee.
she smiles as
vaporous lovers
swirl and dance.
she knows
and drinks him in.


Karen Suriano.

domingo, 26 de outubro de 2008

The Wife of Bath's Prologue

" (…)

We women have a curious fantasy

In such affairs, or so it seems to me.

When somethings’s difficult, or can’t be had,

We crave and cry for it all day like mad.

Forbid a thing, we pine for it all night,

Press fast upon us and we take to flight;

We use disdain in offering our wares.

A throng of buyers sends prices up at fairs,

Cheap goods have little value, they suppose;

And that’s a thing that every woman knows.

(…) "


Geoffrey Chaucer's Canterbury Tales.


domingo, 21 de setembro de 2008

in love with myself.

Certa vez eu ouvi que um dos maiores fascínios da vida é se apaixonar várias vezes pela mesma pessoa. Ta aí a maior (e melhor) prova do dito. Quando penso que não mais, lá me vem o amor do mesmo, tudo novo e de novo... Libertando a nostalgia, agregando novas histórias a minha linda já vivida. E aí, tudo feito. O amor dilacerando, remexendo na memória, nas vitórias, nas esperanças mais descabidas, nas viagens, trilhas sonoras, fotos, códigos, lutas, renúncias, segredos e lirismos mais infantis. Impressiona-me como vivo o amor próprio. O amor que se acumula, atinge anos e salpica na minha cara a felicidade de quem sente paz de encontrar diante de si mesma o conjugar do verbo em passado, presente e futuro.

sábado, 30 de agosto de 2008

sonnet 76

Why is my verse so barren of new pride,
So far from variation or quick change?
Why with the time do I not glance aside
To new-found methods and to compounds strange?
Why write I still all one, ever the same,
And keep invention in a noted weed,
That every word doth almost tell my name,
Showing their birth and where they did proceed?
O, know, sweet love, I always write of you,
And you and love are still my argument;
So all my best is dressing old words new,
Spending again what is already spent:
For as the sun is daily new and old,
So is my love still telling what is told.

W. Shakespeare. [always the best]

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Soneto

Arda de raiva contra mim a intriga,

Morra de dor a inveja insaciável;

Destile seu veneno detestável

A vil calúnia, pérfida inimiga.


Una-se todo, em traiçoeira liga,

Contra mim só, o mundo miserável.

Alimente por mim ódio entranhável

O coração da terra que me abriga.


Sei rir-me da vaidade dos humanos;

Sei desprezar um nome não preciso;

Sei insultar uns cálculos insanos.


Durmo feliz sobre o suave riso

De uns lábios de mulher gentis, ufanos;

E o mais que os homens são, desprezo e piso.

Junqueira Freire

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

just think about it:

why does everybody say to you that you have to find someone to complete you?
the idea that you alone are incomplete is just... cruel, and makes no sense at all

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Rosshalde

"(...) O que sobretudo o atraía e embelezava em maior grau essas paragens era a distância e a paz de espírito de um mundo em que suas mágoas e sofrimentos atuais, suas infelicidades e lutas íntimas de todos os dias, certamente teriam de empalidecer, de manter-se longe dele, por assim dizer, graças àquele alheamento que só a distância é capaz de gerar - um mundo em que as centenas de contrariedades e frustrações cotidianas que lhe afogavam o coração teriam de se desvanecer, assim que ele penetrasse em uma nova atmosfera, pura, inocente, sem as dores e constrangimentos tão seus conhecidos."

Hermann Hesse

domingo, 3 de agosto de 2008

Não lamentes, oh Nise, o teu estado

Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta d'um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.


nada no mundo me choca mais depois de ler Bocage.

terça-feira, 1 de julho de 2008

provérbios do inferno

No tempo da semeadura,
aprende;
na colheita, ensina; no inverno, desfruta.

Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos
mortos. A estrada do excesso leva ao palácio da
sabedoria.

A Prudência é uma solteirona rica e feia,
cortejada pela Impotência.

Quem deseja, mas não age, gera a pestilência.
O verme partido perdoa ao arado.
Mergulha no rio quem gosta de água.
O tolo não vê a mesma árvore que o sábio.

Aquele, cujo rosto não se ilumina, jamais há de ser uma
estrela. A Eternidade anda apaixonada
pelas produções do tempo.

A abelha atarefada não tem tempo para tristezas.
Os alimentos sadios não são apanhados
com armadilhas ou
redes. Torna do número, do peso e da medida
em ano de escassez. Um cadáver não vinga as injúrias.
O ato mais sublime é colocar outro diante de ti.

Se o louco persistisse em sua loucura,
acabaria se tornando sábio. A loucura é o manto da velhacaria.
O manto do orgulho é a vergonha.

Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da educação.
As Prisões se constroem com as pedras da Lei,

Os Bordéis, com os tijolos da Religião.
O orgulho do pavão é a glória de Deus.
A luxúria do bode é a bondade de Deus.
A fúria do leão é a sabedoria de Deus.
A nudez da mulher é a obra de Deus.
O rugir dos leões, o uivar dos lobos,
o furor do mar tempestuoso
e a espada destruidora são fragmentos de
eternidade
grandes demais para os olhos humanos.

A raposa condena a armadilha, não a si própria.
Os júbilos fecundam. As tristezas geram.
Que o homem use a pele do leão;
a mulher a lã da ovelha.

O pássaro, um ninho; a aranha, uma teia; o homem, a amizade.

O que hoje se prova, outrora era apenas imaginado.
A ratazana, o camundongo, a raposa,
o coelho olham as raízes;
o leão, o tigre, o cavalo, elefante olham os
frutos. A cisterna contém; a fonte derrama.

Um só pensamento preenche a imensidão.
Dize sempre o que pensa, e o homem torpe te evitará.
Tudo o que se pode acreditar já é uma imagem da verdade.
A águia nunca perdeu tanto o seu tempo
como quando resolveu
aprender com a gralha. Da água estagnada espera veneno.
A raposa provê para si, mas Deus provê para o leão.

BLAKE, William.
Alguém que pensava além de sua época.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

tirocínio

encantei-me com a particularidade

admirei-me com a sintonia da semelhança

saboreei a amargura da inconstância

torturei-me com a delícia da espera

encontrei-me com a esperança desbaratada

sentenciei-me a não pensar no que prendia-me


e então confrontei-me com o novo

martírio

Beijar-te a fronte linda
Beijar-te o aspecto altivo
Beijar-te a tez morena
Beijar-te o rir lascivo

Beijar o ar que aspiras
Beijar o pó que pisas
Beijar a voz que soltas
Beijar a luz que visas

Sentir teus modos frios,
Sentir tua apatia,
Sentir até repúdio,
Sentir essa ironia,

Sentir que me resguardas,
Sentir que me arreceias,
Sentir que me repugnas,
Sentir até que me odeias,

Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!

Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger dos dentes,
Eis o penar do inferno!


Junqueira Freire
e o ultra-romantismo em um erro de vocação que traduz até o mais frio dos homens.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

refúgio

num automatismo psíquico

vomito palavras


expeli e me senti bem


sentimentos inexpressivos em expressões sem sentimento

sentimento e pensamento

há confrangimento?


aquilo que não é dito

aquilo que não sei se sinto

aquilo que não sei se existe.