sexta-feira, 27 de junho de 2008

tirocínio

encantei-me com a particularidade

admirei-me com a sintonia da semelhança

saboreei a amargura da inconstância

torturei-me com a delícia da espera

encontrei-me com a esperança desbaratada

sentenciei-me a não pensar no que prendia-me


e então confrontei-me com o novo

martírio

Beijar-te a fronte linda
Beijar-te o aspecto altivo
Beijar-te a tez morena
Beijar-te o rir lascivo

Beijar o ar que aspiras
Beijar o pó que pisas
Beijar a voz que soltas
Beijar a luz que visas

Sentir teus modos frios,
Sentir tua apatia,
Sentir até repúdio,
Sentir essa ironia,

Sentir que me resguardas,
Sentir que me arreceias,
Sentir que me repugnas,
Sentir até que me odeias,

Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!

Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger dos dentes,
Eis o penar do inferno!


Junqueira Freire
e o ultra-romantismo em um erro de vocação que traduz até o mais frio dos homens.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

refúgio

num automatismo psíquico

vomito palavras


expeli e me senti bem


sentimentos inexpressivos em expressões sem sentimento

sentimento e pensamento

há confrangimento?


aquilo que não é dito

aquilo que não sei se sinto

aquilo que não sei se existe.